MELANCOLIA.
Melancolia.
Essa
foi a primeira palavra que surgiu em minha mente, e ecoou
constantemente durante todo o percurso da exposição. Junto a ela, a
sensação cada vez mais forte de estar invadindo um local proibido, que,
embora abandonado, há anos parece ter-se conservado da mesma maneira,
como uma caixa de relíquias pessoais que vão sendo desgastadas com o
tempo, mas que se mantêm. Permanecem ali, imóveis, intocáveis, austeras,
como testemunhas de uma vida. A vida de uma mulher: seu vestido, o
vestido de suas filhas, seu cuidado com os detalhes da decoração da
casa, os lençóis, as cortinas, pequenas caixas para guardar objetos
queridos, fotografias, tule, espelhos – muitos espelhos, o cuidado ao
pôr a mesa, com os pratos bem dispostos em uma montagem quase ritual.
Todos pequenos indícios de que um dia a vida humana esteve presente, com
o vigor da juventude. Como lembra a própria artista, “em todos os
detalhes do território-casa há uma surpreendente avalanche de almas”, e
essas almas parecem nos envolver intensamente, dividindo com o visitante
as experiências e a saudade.
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