segunda-feira, 17 de março de 2014

MELANCOLIA

MELANCOLIA.


Debora Bertol


Melancolia.
Essa foi a primeira palavra que surgiu em minha mente, e ecoou constantemente durante todo o percurso da exposição. Junto a ela, a sensação cada vez mais forte de estar invadindo um local proibido, que, embora abandonado, há anos parece ter-se conservado da mesma maneira, como uma caixa de relíquias pessoais que vão sendo desgastadas com o tempo, mas que se mantêm. Permanecem ali, imóveis, intocáveis, austeras, como testemunhas de uma vida. A vida de uma mulher: seu vestido, o vestido de suas filhas, seu cuidado com os detalhes da decoração da casa, os lençóis, as cortinas, pequenas caixas para guardar objetos queridos, fotografias, tule, espelhos – muitos espelhos, o cuidado ao pôr a mesa, com os pratos bem dispostos em uma montagem quase ritual. Todos pequenos indícios de que um dia a vida humana esteve presente, com o vigor da juventude. Como lembra a própria artista, “em todos os detalhes do território-casa há uma surpreendente avalanche de almas”, e essas almas parecem nos envolver intensamente, dividindo com o visitante as experiências e a saudade.

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