AGONIA.
"Considero importante para a
situação clínica diferenciar agonia de sofrimento. Denomino
agonia a situação de dor e angústia que atravessa a pessoa de tal maneira que
ela a experimenta como algo eterno e, portanto, sem possibilidade de passagem.
Trata-se de algo que interrompe a continuidade de si e a joga na experiência
do infinito ruim. A pessoa vive uma aflição sem fim. A experiência do
infinito ruim pode ser vivida do ponto de vista temporal mas também ser vivida
do ponto de vista espacial quando, por exemplo, a pessoa se sente lançada para
uma experiência de espaço sem fim, a experiência do infinito ruim coloca a
pessoa em situações de dispersão de si.É a face do Outro, contemporâneo ou não,
que possibilidade que o que seria agonia para alguém se torne sofrimento.
Sofrimento é a possibilidade de viver uma dor física ou psíquica como passagem,
isto é, uma experiência que se integra á constituição do sentido de vida da
pessoa, de tal maneira que a vivência de infinito ruim torna-se travessia e
revelação da condição humana. o sofrimento informa a pessoa sobre si mesma,
sobre a condição humana e sobre as questões fundamentais da existência. ao
vivermos uma experiência de sofrimento, portanto de passagem, se revela a cada
um de nós algo de fundamental sobre a vida humana. Na agonia há um estancamento
pois ocorre uma experiência sem devir ou construção de sentido. na situação
clínica encontramos momentos em que o analisando busca o encontro com o
analista como anseio da possibilidade de vir a sofrer. O sofrer é uma conquista
ofertada pela relação com o Out.” (Safra, Gilberto. Hermenêutica
na situação clinica - O desvelar da singularidade pelo idioma pessoal.
p.92-93, São Paulo ,Edições Sobornost, 2006)
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