ELA CHEGOU BEM DEVAGARINHO.
Ela chegou bem devagarinho como não queria nada e desta forma foi ficando, na verdade não tinha como evitar, afinal a casa é tão grande, os dias e as noites iam passando, e nossa amizade foi crescendo como uma planta. Percebi o quanto ela era importante em minha vida.
Dias, semanas, e meses foram passando e sua presença nos meus dias eram como um amanhecer, quando estamos defronte ao mar, o sol vem nascendo devagarinho, iluminando todo aquele universo de águas, assim era ela na minha vida.
Tínhamos nossas briguinhas como todo casal, logo fazíamos as pazes, em seu aniversário a levei para jantar, entreguei-lhe uma caixinha vermelha, ela abriu seus olhos brilharam como a lua. Sim! É isso mesmo um anel e dentro da caixinha, um pequeno pedaço de papel, escrito " QUER CASAR COMIGO"! Ela com um sorriso iluminador disse: -Sim meu amor!
Casamos no mês de dezembro, viajamos para Fernando de Noronha, nem preciso descrever a viagem. Depois de alguns meses, ao chegar em casa, após o jantar, quando fomos para o quarto, um cartaz enorme escrito. "PAPAI ESTOU CHEGANDO"! Nos abraçamos e não podíamos controlar tanta emoção... No pré- natal os médicos disseram que ela estava com um pequeno nódulo no seio, mas que não se preocupasse, pois poderia ser da gestação, durante os meses que foram passando aquele nódulo foi crescendo, o médico pediu um exame, e não deu outra " CÂNCER". Os médicos disseram que só depois do nascimento da criança, ela poderia iniciar o tratamento...Meu mundo desabou, mas na frente dela não podia demonstrar o quanto estava sofrendo.
Emanuelle nasceu, linda perfeita...Depois de alguns meses ela começou o tratamento doloroso de quimioterapia e radioterapia.
Dias, meses que não sabia o que era sorrir, o que me trazia de volta a vida era o balbuciar de Emanuelle...No seu sofrimento ela não pode ouvir a primeira palavra de Emanuelle " MAMAM" .
Em um final de semana prolongado ela pediu-me para irmos para nossa casa de praia, eu disse meu amor a viagem pode te deixar mais enjoada, mas ela insistiu, fomos e durante o percurso seu olhar em direção ao infinito era sereno... Chegamos ela pediu para deitar um pouco, dormiu a tarde toda e pela primeira vez levantou com disposição, jantamos os três e fomos deitar, ela me pediu para que colocasse Emanuelle do seu lado esquerdo abraçadas adormeceram, levantamos no dia seguinte, percebi que ela estava com uma cor esverdeada, fiquei muito preocupado, mas não disse nada. Ela tomou seu café, e pediu para leva-la até a varando do nosso quarto que dava defronte para a praia, em cadeira de balanço, coloquei Emanuelle nos seus braços magros, ela estava feliz, e disse: você ontem não dormiu, aproveita esse sol morno e dorme um pouco, assim eu fiz coloque um colchonete ao lado de sua cadeira e adormeci e não sei por quanto tempo dormi. acordei assustado e olhei para as duas que dormiam, fui preparar o almoço, voltei e falei querida, vou levar Emanuelle para o quarto, ela não respondeu, coloquei minha mão sobre sua testa e senti a gélida e gritei meu amor não me deixe... Retirei Emanuelle de seus braços...
Hoje Dra estou aqui para que a senhora me ajude a tirar essa dor que me consome a cada milésimo de segundo da minha vida, pois meu corpo tem vida, mas não consigo ver e os dias em que as pessoas dizem que estão bonitos é tudo tão nublado e sem vida , um vazio na alma...