TRANSTORNO DO PÂNICO.
Embora o ataque de pânico geralmente dure apenas alguns minutos, ele produz considerável mal-estar no paciente. Além das manifestações físicas de alarme, como sensação de sufocação, tontura, sudorese, tremores e taquicardia, os pacientes com transtornos de pânico geralmente têm a sensação de morte iminente. Pode, também, apresentar agorafobia, ou seja, um medo por estar se sentindo em um lugar ou situação extremamente desagradável ou da qual seria difícil escapar. Pelo fato de os ataques de pânico serem recorrentes, os pacientes, com frequência, desenvolvem uma forma secundária de ansiedade antecipatória, preocupando-se constantemente com expectativa de quando e onde o próximo ataque irá ocorrer.Os ataques podem aparecer sem desencadeantes ambientais ou intrapsíquicos aparentes. Um número significativo de pacientes com transtorno de pânico apresenta esses ataques devido a fatores intrapsíquicos, podendo, então, responder a intervenções psicológicas (Milrod, Busch, Cooper & Shapiro, 1997; N emiah, 1984). Os psicanalistas e psicoterapeutas psicanalíticos devem investigar amplamente as circunstâncias dos ataques e a história de cada paciente para que possam determinar os fatores psicológicos relevantes.
Embora as evidências de fatores fisiológicos no transtorno do pânico chamem a atenção, tais observações são mais patogênicas do que etiológicas. N enhum dos dados fisiológicos explica o que desencadeia o início de um ataque de pânico (Busch, Cooper, Klerman, Penzer, Shapiro & Shear, 1991). Os fatores estressores tendem a estar ligados a alguma alteração no nível de expectativa colocada sobre o paciente. Mudanças nas expectativas relacionadas a situações de trabalho são comuns, assim como perdas associadas a figuras centrais na vida dos pacientes. Muitas das perdas são associadas a experiências na infância, nas quais o vínculo com um dos pais é vivido como ameaçador, crítico, controlador e exigente. A avaliação de material clínico revela um padrão de ansiedade em relação à socialização durante a infância, relações parentais de pouco acolhimento e sentimentos de serem colocados em armadilhas. Para a maior parte dos pacientes que apresenta transtorno de pânico é difícil lidar com os sentimentos de raiva e agressão.
A separação materna precoce, em particular, parece ligada ao transtorno de pânico. Em alguns casos, verifica-se que o transtorno de pânico é o resultado de perda interpessoal e pode representar uma forma complicada da privação.
O nível extremo de pânico observado nesses pacientes pode refletir uma função da ansiedade sinal inadequada para ativar os recursos defensivos do ego. Ameaças ao vínculo, em particular, parecem desencadear esse tipo de pânico catastrófico.
Em muitos casos, as fantasias de raiva incontrolável podem ser centrais na terapia. A raiva dos pais pode ter sido tão intensa que qualquer erupção de raiva é considerada potencialmente destrutiva. Algumas crianças podem ter sentido que seus pais as abandonaram quando elas expressaram a raiva. O exame de mecanismos de defesa característicos destinados a evitar a raiva é, em geral, considerado valioso. Pacientes com transtorno de pânico tipicamente empregam alguma combinação das seguintes defesas: formação reativa, neutralização, somatização e projeção (Busch, Shear, Cooper, Shapiro & Leon, 1995). Tanto a neutralização quanto a formação reativa podem ajudar o paciente a negar afetos, como, por exemplo, o de raiva. Os psicanalistas ou psicoterapeutas podem ter que ajudar os pacientes a se tornarem conscientes de sua ansiedade em relação à expressão da raiva e à necessidade associada de se defender contra ela. Além disso, o terapeuta deve estimular o paciente a revisar os detalhes do desencadeamento de um ataque de pânico e começar a fazer a ligação entre a ansiedade em relação à catástrofe e os eventos da vida. Dessa forma, a capacidade de tornar psíquica a manifestação de pânico do paciente aumentará a ponto de possibilitar que ele veja algo que está sendo representado pelo ataque de pânico. Em outras palavras, a vivência de uma catástrofe é uma realidade psíquica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário